Essa
semana, encontrei com uma amiga que é fã de séries como eu e tivemos um
daqueles bate-papos que quando a gente nota o tempo voou e já estamos super
atrasados.
A conversa
começou quando falamos da 3ª temporada de Glee, que é considera como chave para
a continuidade do sucesso do seriado, até agora Ryan Murphy anda fazendo bem a
lição de casa, mas mudanças, transições sempre são arriscadas, ele próprio já
teve problemas com isso. Antes de Glee, Ryan foi responsável pelos sucessos
Popular e Nip-Tuck e, ambas, não conseguiram manter o ritmo, a ótima história e
os telespectadores.
Na sua
temporada de estreia, Popular foi um fenômeno em todos os sentidos, de crítica
e de audiência, mas o embate entre Brooke McQueen, a popular, e Sam McPherson,
a “meia-nerd”, que viram irmãs quando seus pais se casam, acabou perdendo o
apelo na temporada seguinte (elas meio que viraram colegas) e tendo um fim que
decepcionou muitos... Não teve fim, a última cena se resume a vilã da história,
Nicole, atropelando Brooke.
Já série
sobre os cirurgiões plásticos até tentou ganhar fôlego em sua 5ª temporada,
Troy e Sean mudaram-se de Miami para Hollywood, mas mesmo assim, Nip-Tuck seguiu
arrastada e teve no episódio número 100 o seu grand finale.
Falando de
mudanças, de transições, acredito que a mais polêmica que eu tenha assistido
como telespectador foi o corte de cabelo de Felicity. Esta série de 1998 foi o
primeiro trabalho de J.J. Abrams na tv, aquele que criou o Lost. Após uma 1ª
temporada de enorme sucesso, no começo do segundo ano da série seus fãs saíram
da frente da TV quando a protagonista, a tal Felicity, cortou suas madeixas.
O que
podemos aprender com as séries são os mesmo ensinamentos que temos com a vida.
No caso de Popular, quando mudamos nossa atitude e nosso ponto de vista em
relação às pessoas e aos acontecimentos que nos cercam, temos o risco de perder
“audiência”, mas diferente da TV, sempre podemos começar uma nova temporada
buscando um novo público.
Já
Nip-Tuck, não adianta você sair de Miami e ir para Hollywood que as questões
mal resolvidas não serão solucionadas simplesmente pela mudança de cenário, no
principio até haverá uma “injeção de oxigênio”, mas o tempo te mostrará que
apesar de “novos ares” você terá que buscar a resolução destas questões, porque
se não, o enredo fica monótono, sofrível e previsível, independente de onde ele
ocorra.
O famoso
corte de cabelo de Felicity mostra que mudanças precisam ocorre de dentro para
fora... Não basta querer que os telespectadores vejam a série com um olhar mais
maduro só porque a protagonista esta com o cabelo curto. Devo admitir, que o
segundo ano do seriado foi muito bom e mais “cabeça” que o anterior, só que
demorou um pouquinho para que os desdobramentos da história fossem coerentes
com o novo visual da protagonista.
Mas será
que esse novo tom era o que os telespectadores queriam? Ou, no fundo, será que
essa reviravolta partiu mais dos seus criados, que tal como Felicity, queriam
exteriorizar o que aconteciam em suas mentes, deixando de lado os índices e o
perfil do público que sintonizava a TV? Nas séries, quem manda é audiência, mas
na vida quem manda é você, que além de protagonista é o telespectador número 1,
o mais importante. E, caso haja a necessidade de corrigir o enredo, há sempre
uma maneira... Muitos acreditavam que Felicity não chegaria ao final da 2ª
temporada, pois bem, foi até a quarta e entre as idas e vindas, o cabelo ficou
liso, cresceu e até no tempo ela voltou!
Glee, ao
que podemos conferir até agora, tem futuro... Alguns estão de penteado novo,
outros mudarão de cidade, houve aqueles que se tornaram colegas de seus inimigos;
mas todas as mudanças foram consequência da uma ótima construção de cada
personagem, não ocorreram do nada ou, simplesmente, aconteceram.
A redenção
de Ryan Murphy, o acerto nesta fase de transição, está ocorrendo pelo fato de
seus personagens serem complexos, ao ponto das mudanças serem percebidas pelos
fãs como algo natural, que ocorre de dentro para fora e transmitindo a eles
também que os integrantes do “New Directions” estão muito mais próximos do que
eles imaginam, que são seres tão reais como qualquer pessoa, não ficando
somente como personagens rasos, artificiais de mais um seriado de TV.