Translate

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O que aprendi com as séries...


Essa semana, encontrei com uma amiga que é fã de séries como eu e tivemos um daqueles bate-papos que quando a gente nota o tempo voou e já estamos super atrasados.

A conversa começou quando falamos da 3ª temporada de Glee, que é considera como chave para a continuidade do sucesso do seriado, até agora Ryan Murphy anda fazendo bem a lição de casa, mas mudanças, transições sempre são arriscadas, ele próprio já teve problemas com isso. Antes de Glee, Ryan foi responsável pelos sucessos Popular e Nip-Tuck e, ambas, não conseguiram manter o ritmo, a ótima história e os telespectadores.


Na sua temporada de estreia, Popular foi um fenômeno em todos os sentidos, de crítica e de audiência, mas o embate entre Brooke McQueen, a popular, e Sam McPherson, a “meia-nerd”, que viram irmãs quando seus pais se casam, acabou perdendo o apelo na temporada seguinte (elas meio que viraram colegas) e tendo um fim que decepcionou muitos... Não teve fim, a última cena se resume a vilã da história, Nicole, atropelando Brooke.

Já série sobre os cirurgiões plásticos até tentou ganhar fôlego em sua 5ª temporada, Troy e Sean mudaram-se de Miami para Hollywood, mas mesmo assim, Nip-Tuck seguiu arrastada e teve no episódio número 100 o seu grand finale.

Falando de mudanças, de transições, acredito que a mais polêmica que eu tenha assistido como telespectador foi o corte de cabelo de Felicity. Esta série de 1998 foi o primeiro trabalho de J.J. Abrams na tv, aquele que criou o Lost. Após uma 1ª temporada de enorme sucesso, no começo do segundo ano da série seus fãs saíram da frente da TV quando a protagonista, a tal Felicity, cortou suas madeixas.


O que podemos aprender com as séries são os mesmo ensinamentos que temos com a vida. No caso de Popular, quando mudamos nossa atitude e nosso ponto de vista em relação às pessoas e aos acontecimentos que nos cercam, temos o risco de perder “audiência”, mas diferente da TV, sempre podemos começar uma nova temporada buscando um novo público.

Já Nip-Tuck, não adianta você sair de Miami e ir para Hollywood que as questões mal resolvidas não serão solucionadas simplesmente pela mudança de cenário, no principio até haverá uma “injeção de oxigênio”, mas o tempo te mostrará que apesar de “novos ares” você terá que buscar a resolução destas questões, porque se não, o enredo fica monótono, sofrível e previsível, independente de onde ele ocorra.

O famoso corte de cabelo de Felicity mostra que mudanças precisam ocorre de dentro para fora... Não basta querer que os telespectadores vejam a série com um olhar mais maduro só porque a protagonista esta com o cabelo curto. Devo admitir, que o segundo ano do seriado foi muito bom e mais “cabeça” que o anterior, só que demorou um pouquinho para que os desdobramentos da história fossem coerentes com o novo visual da protagonista.

Mas será que esse novo tom era o que os telespectadores queriam? Ou, no fundo, será que essa reviravolta partiu mais dos seus criados, que tal como Felicity, queriam exteriorizar o que aconteciam em suas mentes, deixando de lado os índices e o perfil do público que sintonizava a TV? Nas séries, quem manda é audiência, mas na vida quem manda é você, que além de protagonista é o telespectador número 1, o mais importante. E, caso haja a necessidade de corrigir o enredo, há sempre uma maneira... Muitos acreditavam que Felicity não chegaria ao final da 2ª temporada, pois bem, foi até a quarta e entre as idas e vindas, o cabelo ficou liso, cresceu e até no tempo ela voltou!

Glee, ao que podemos conferir até agora, tem futuro... Alguns estão de penteado novo, outros mudarão de cidade, houve aqueles que se tornaram colegas de seus inimigos; mas todas as mudanças foram consequência da uma ótima construção de cada personagem, não ocorreram do nada ou, simplesmente, aconteceram.     

A redenção de Ryan Murphy, o acerto nesta fase de transição, está ocorrendo pelo fato de seus personagens serem complexos, ao ponto das mudanças serem percebidas pelos fãs como algo natural, que ocorre de dentro para fora e transmitindo a eles também que os integrantes do “New Directions” estão muito mais próximos do que eles imaginam, que são seres tão reais como qualquer pessoa, não ficando somente como personagens rasos, artificiais de mais um seriado de TV.

Nenhum comentário:

Postar um comentário